Por Tito Lívio de Santana
Caracterizar
o perfil das vítimas de violência e acidentes da região Centro-sul do Estado,
atendidas no Hospital Regional ‘Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro’
(HRL), em Lagarto. Com este objetivo, estudantes do curso de enfermagem do
Campus/Lagarto da Universidade Federal de Sergipe (UFS) iniciaram este mês
pesquisa no HRL, unidade gerenciada pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).
O levantamento, intitulado “Inquérito de Violências e Acidentes em um Regional
de Sergipe”, servirá como subsídio para a dissertação de pós-graduação da
enfermeira Shirley Verônica Melo Almeida Lima, estudante de Mestrado em
Ciências da Saúde no Campus/São Cristóvão da UFS. “Escolhemos o HRL para fazer
o levantamento porque já trabalhamos aqui em Lagarto, pela implantação do
Campus da Saúde e a estrutura do Hospital Regional, além de haver poucos
estudos semelhantes realizados no interior do Estado”, explicou Shirley, que
também é professora substituta da disciplina Ciclo II – Vigilância em Saúde, do
curso de Enfermagem do Campus/ Lagarto da UFS.
Segundo ela, a pesquisa, que tem como orientadora a professora Edilene Curvelo
Hora, que integra o Núcleo de Pós-Graduação e o Departamento de Enfermagem da
UFS, foi iniciada no dia 15 de agosto e será encerrada na próxima sexta-feira
(13), sendo realizada de forma ininterrupta. “São 30 dias consecutivos, nos
três turnos – manhã, tarde e noite -, ouvindo todas as vítimas de violências e
acidentes”, ressaltou a enfermeira. De acordo com Shirley Verônica, até agora o
resultado já vem superando as expectativas. “Até a última terça-feira
(10), já havíamos entrevistados 970 pacientes em 26 dias de pesquisa, superando
a nossa expectativa, que era de 350 em todo o mês”, afirmou.
Para o coordenador de Internamento do HRL, Jardel Martins Vasconcelos, o
resultado do levantamento poderá servir de base para subsidiar
futuras ações direcionadas aos pacientes atendidos no HRL, bem como
para nortear políticas públicas voltadas para universo alvo do Inquérito
sobre Violências e Acidentes. "O feedback da pesquisa possibilitará à
gestão analisar os argumentos do pesquisador, modificando ou implementando
ações para melhoria do atendimento aos pacientes alvo do levantamento, assim
como permitirá traçar para a população do município e região um retrato sobre a
dura realidade que enfrentamos, em especial àquela relacionada ao alto índice
de acidentes", pondera o enfermeiro.
Sobre a pesquisa
No
levantamento está sendo aplicado um questionário com 60 itens, que abordam o
perfil epidemiológico, social e econômico dos usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS) atendidos no HRL, bem como questões específicas sobre o que
caracterizou o acidente ou a violência sofrida. “Investigamos, por exemplo, a
parte do corpo atingida e a evolução do paciente, se ele foi internado,
transferido, recebeu alta hospitalar ou a óbito”, esclarece a enfermeira.
Shirley Verônica disse que durante a pesquisa são coletados dados relacionados
a todo tipo de violência ou acidente. “Nesse inquérito entrevistamos vítimas de
agressão física e sexual, acidentes de moto, carro, bicicleta, atropelamentos
de pedestres, pessoas que sofreram quedas de mesmo nível, de árvore, além de
vítimas de queimaduras, ferimentos por armas de fogo e suicídio”, acrescenta.
Segundo ela, com base nesse levantamento e depois da tabulação dos dados, será
possível traçar um perfil mais claro das vítimas de violências e acidentes na
região, identificando as mais prevalentes. “Mais pelo que já podemos observar,
em sua maioria são vítimas de acidentes motociclísticos”, admite a enfermeira.
Números
De acordo com os relatórios gerenciais do Hospital Regional de Lagarto, entre
janeiro a agosto deste ano, as quedas e os acidentes motociclísticos são os
principais fatores dos atendimentos de urgência registrados na unidade. Para se
ter uma ideia, nos oito primeiros meses deste ano foram atendidos 1.925
pacientes vítimas de quedas e outras 1.628 de acidentes envolvendo motos.
Outros 70 foram vitimados por acidentes automobilísticos e 109 por
atropelamentos, 226 sofreram agressão física e 1.058, algum tipo de corte,
enquanto outros 139 foram mordidos por cães e 73 vítimas de queimaduras. No
mesmo período, 44 foram feridos por arma branca (faca, facão, etc) e 57 por
arma de fogo.
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