13 de set. de 2013

Pesquisa vai apontar perfil de vítimas de violências e acidentes atendidas no HRL

Por Tito Lívio de Santana
Caracterizar o perfil das vítimas de violência e acidentes da região Centro-sul do Estado, atendidas no Hospital Regional ‘Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro’ (HRL), em Lagarto. Com este objetivo, estudantes do curso de enfermagem do Campus/Lagarto da Universidade Federal de Sergipe (UFS) iniciaram este mês pesquisa no HRL, unidade gerenciada pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).
O levantamento, intitulado “Inquérito de Violências e Acidentes em um Regional de Sergipe”, servirá como subsídio para a dissertação de pós-graduação da enfermeira Shirley Verônica Melo Almeida Lima, estudante de Mestrado em Ciências da Saúde no Campus/São Cristóvão da UFS. “Escolhemos o HRL para fazer o levantamento porque já trabalhamos aqui em Lagarto, pela implantação do Campus da Saúde e a estrutura do Hospital Regional, além de haver poucos estudos semelhantes realizados no interior do Estado”, explicou Shirley, que também é professora substituta da disciplina Ciclo II – Vigilância em Saúde, do curso de Enfermagem do Campus/ Lagarto da UFS.
Segundo ela, a pesquisa, que tem como orientadora a professora Edilene Curvelo Hora, que integra o Núcleo de Pós-Graduação e o Departamento de Enfermagem da UFS, foi iniciada no dia 15 de agosto e será encerrada na próxima sexta-feira (13), sendo realizada de forma ininterrupta. “São 30 dias consecutivos, nos três turnos – manhã, tarde e noite -, ouvindo todas as vítimas de violências e acidentes”, ressaltou a enfermeira. De acordo com Shirley Verônica, até agora o resultado já vem superando as expectativas. “Até a  última terça-feira (10), já havíamos entrevistados 970 pacientes em 26 dias de pesquisa, superando a nossa expectativa, que era de 350 em todo o mês”, afirmou.
Para o coordenador de Internamento do HRL, Jardel Martins Vasconcelos, o resultado  do levantamento poderá servir de base para subsidiar  futuras ações direcionadas aos pacientes atendidos no HRL,  bem como para  nortear políticas públicas voltadas para universo alvo do Inquérito sobre Violências e Acidentes. "O feedback da pesquisa possibilitará à gestão analisar os argumentos do pesquisador, modificando ou implementando ações para melhoria do atendimento aos pacientes alvo do levantamento, assim como permitirá traçar para a população do município e região um retrato sobre a dura realidade que enfrentamos, em especial àquela relacionada ao alto índice de acidentes", pondera o enfermeiro.



Sobre a pesquisa

No levantamento está sendo aplicado um questionário com 60 itens, que abordam o perfil epidemiológico, social e econômico dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos no HRL, bem como questões específicas sobre o que caracterizou o acidente ou a violência sofrida. “Investigamos, por exemplo, a parte do corpo atingida e a evolução do paciente, se ele foi internado, transferido, recebeu alta hospitalar ou a óbito”, esclarece a enfermeira. 
Shirley Verônica disse que durante a pesquisa são coletados dados relacionados a todo tipo de violência ou acidente. “Nesse inquérito entrevistamos vítimas de agressão física e sexual, acidentes de moto, carro, bicicleta, atropelamentos de pedestres, pessoas que sofreram quedas de mesmo nível, de árvore, além de vítimas de queimaduras, ferimentos por armas de fogo e suicídio”, acrescenta. Segundo ela, com base nesse levantamento e depois da tabulação dos dados, será possível traçar um perfil mais claro das vítimas de violências e acidentes na região, identificando as mais prevalentes. “Mais pelo que já podemos observar, em sua maioria são vítimas de acidentes motociclísticos”, admite a enfermeira. 
Números
De acordo com os relatórios gerenciais do Hospital Regional de Lagarto, entre janeiro a agosto deste ano, as quedas e os acidentes motociclísticos são os principais fatores dos atendimentos de urgência registrados na unidade. Para se ter uma ideia, nos oito primeiros meses deste ano foram atendidos 1.925 pacientes vítimas de quedas e outras 1.628 de acidentes envolvendo motos. Outros 70 foram vitimados por acidentes automobilísticos e 109 por atropelamentos, 226 sofreram agressão física e 1.058, algum tipo de corte, enquanto outros 139 foram mordidos por cães e 73 vítimas de queimaduras. No mesmo período, 44 foram feridos por arma branca (faca, facão, etc) e 57 por arma de fogo.

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