Por: Pedro Cardoso da Costa
Analistas das manifestações devem estar muito
tristes pelos resultados obtidos até aqui. Com críticas genéricas chamavam a
todos de vândalos. Os próprios manifestantes mostraram que os baderneiros nada
tinham a ver com o Movimento, embora seja simplório achar que todos os
participantes das depredações sejam profissionais. A maioria é formada de
pessoas comuns atiçadas pela oportunidade de certa vingança aos maus-tratos
sofridos pelas autoridades.
Mas o questionamento da falta de foco não serve
mais. O movimento conseguiu reduzir o preço das passagens, até em cidades que
não tinham aumentado. Um deputado condenado há três anos foi para a cadeia, o
projeto da “cura-gay” foi arquivado; uma proposta para tornar o voto aberto no
Congresso já foi aprovada em Comissões, desistiram de aumentar pedágio em São
Paulo e até um helicóptero foi vendido indevidamente, já que deveria ser
repassado para a Polícia Militar.
Mesmo de forma açodada, a presidenta propôs a
realização de um plebiscito sobre a reforma política. Ainda que não seja de sua
competência, vale apenas pela iniciativa, já que os pontos apresentados são de
interesse exclusivo dela ou do Partido dos Trabalhadores.
Qualquer proposta séria de reforma política, seja
por qualquer meio, tem que trazer em primeiro lugar a extinção do voto
obrigatório. É normal a estratégia matreira das nossas autoridades em não tocar
nesse assunto. O silêncio da imprensa, da Ordem dos Advogados do Brasil, da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dos sindicatos e das instituições em
geral é absurdamente incompreensível. O Brasil será o último país a acabar com
a obrigatoriedade do voto, como foi com a Escravidão.
Neste momento se faz necessário uma definição de
uma tática. Primeiro, especificar alguns pontos e trazer o povo para a rua para
conquistá-los. Essa pauta precisa ter especificações de preferências e prazos.
Algumas de caráter geral. Por exemplo, acabar com os recessos da Justiça e com
julgamentos que ultrapassam décadas, é inconcebível que o Poder Judiciário seja
paralisado nos meses de janeiro e julho, uma vez que todos os magistrados têm
férias regulares. Extinguir as aposentadorias privilegiadas de parlamentares e
todas as mordomias que consomem milhões dos brasileiros, inclusive os voos dos
aviões da FAB para cima e para abaixo com chefe de Poder até para casamentos e
aniversários das filhinhas dos seus colegas.
No entanto, o ganho maior da população foi a
percepção de que as autoridades são alcançáveis pelo povo. Com alguns exageros,
quando querem mudanças municipais ocupam as câmaras de vereadores; se
estaduais, as assembleias legislativas são tomadas e batem às portas da Câmara
dos Deputados e do Palácio do Planalto quando as reivindicações são de âmbito
federal. O povo provou e aprovou sua força.
Os passeios em aviões da FAB pelos presidentes da
Câmara e do Senado, do ministro Garibaldi Alves e até de Joaquim Barbosa
provaram que as autoridades viciadas em mordomias vão continuar testando se foi
um lampejo de movimento ou se foi pra valer. Esses aviões deveriam ser para
missões muito importantes e raras, não como transporte de casa para o trabalho.
Já a grande manifestação deve ser planejada para o
próximo Sete de Setembro. Será o “Dia D” para a proclamação de uma nova
Independência, talvez mais efetiva do que a primeira.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em Direito
"TODA CRIANÇA DE RUA TEM UM RESPONSÁVEL
QUE A ABANDONOU"
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